A casa, de dois andares, foi arrancada da fundação e arrastada até se chocar com outra residência. A cena surpreende porque a casa quase não sofreu danos, apesar de o primeiro andar ter sido invadido por água e lama. “A casa andou inteirinha. A minha prima mora no andar de cima e meu tio, no de baixo”, contou o estudante José Mário dos Santos, de 16 anos, que vive em uma casa ao lado.
“A água subiu muito rápido. Em cerca de 20 minutos tomou conta de tudo”, contou o programador de bordados José Renato Ribeiro dos Reis, de 42 anos, um outro tio de José Mário. “Quem mora no Buraco do Sapo, no Vale do Cuiabá, está acostumado a cheias de um metro. Mas, dessa vez, o rio subiu uns quatro metros. Quase invadiu o segundo andar da minha casa. Mais um pouco e a minha família tinha morrido”, recordou Reis.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, disse que só é possível entender o que aconteceu fazendo uma análise no local. “Normalmente, a enxurrada é uma mistura de água com lama e outras coisas. Essa água é mais pesada e ganha muita velocidade ao descer o rio”, explica Guerreiro.
“Nessas regiões, é muito comum construir casas com uma estrutura muito mais forte do que a média. Uma hipótese é a casa ter funcionado como uma estrutura única, muito resistente. Quando veio a enxurrada, a casa cedeu na parte mais frágil, que nesse caso era a fundação. A parte superior andou, e a fundação ficou”, esclarece.
Guerreiro considera remota a possibilidade de trazer a casa de volta ao lugar original. “É uma operação muito complexa, com pouca probabilidade de sucesso. E o custo seria maior do que demolir a casa e construir outra”, explicou Guerreiro. “Fazer uma nova fundação onde a casa parou é uma possibilidade menos remota, mas ainda assim muito cara. A solução tradicional é aproveitar o que for possível, como portas e janelas, e construir outra casa”, complementou.
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